As fraturas subtrocantéricas do fêmur são lesões que ocorrem na região proximal do osso da coxa, logo abaixo do trocânter menor. Essas fraturas podem ser resultado de traumas de alta energia, como quedas ou acidentes de carro, principalmente em adultos jovens. Em pacientes idosos, essas fraturas podem estar relacionadas à osteoporose ou ao uso prolongado de medicamentos da classe dos Alendronatos. O tratamento dessas fraturas geralmente envolve cirurgia para reparar a fratura e restaurar a estabilidade do osso. A fisioterapia também desempenha um papel fundamental na recuperação pós-cirúrgica. Neste artigo, discutiremos em detalhes os pontos críticos relacionados ao tratamento das fraturas subtrocantéricas do fêmur, incluindo o planejamento pré-operatório, as táticas de redução e as evidências científicas atuais.
A região subtrocantérica do fêmur é uma área de grande concentração de estresse devido às suas inserções musculares e está sujeita a diversas forças deformantes. A deformidade clássica é caracterizada por flexão, abdução e rotação externa do fragmento proximal do fêmur. Essas fraturas apresentam características anatômicas e biomecânicas singulares, o que as torna desafiadoras de tratar. A região subtrocantérica possui uma vascularização mais precária em comparação com a região transtrocanteriana, o que pode dificultar a consolidação das fraturas. Fraturas complexas com falha de suporte medial têm índices elevados de falência da fixação e necessidade de reoperação.
Existem várias classificações descritas para as fraturas subtrocantéricas, mas uma das mais utilizadas é a classificação de Fielding. Essa classificação divide as fraturas de acordo com sua localização anatômica. O Tipo 1 corresponde às fraturas ao nível do pequeno trocanter, o Tipo 2 corresponde às fraturas localizadas entre 2,5 e 5 cm abaixo do pequeno trocanter, e o Tipo 3 corresponde às fraturas entre 5 e 7,5 cm abaixo do pequeno trocanter.
O planejamento pré-operatório é uma etapa crucial no tratamento das fraturas subtrocantéricas do fêmur. Durante essa fase, são obtidos exames de imagem, como radiografias, tomografias computadorizadas e ressonâncias magnéticas, para avaliar a extensão e o tipo da fratura. Além disso, é importante realizar uma avaliação clínica completa do paciente, levando em consideração sua idade, comorbidades e nível de atividade física. Com base nessas informações, o médico poderá determinar a abordagem cirúrgica mais adequada.
A redução adequada das fraturas subtrocantéricas é essencial para restaurar a anatomia normal do fêmur e promover uma cicatrização óssea adequada. Existem diferentes técnicas de redução disponíveis, como a redução fechada, a redução aberta e a redução assistida por imagem. A escolha da técnica depende das características da fratura e das habilidades do cirurgião. Durante a redução, é importante ter cuidado para evitar lesões adicionais aos tecidos moles e garantir uma boa estabilidade do fragmento reduzido.
Nos últimos anos, houve avanços significativos no tratamento das fraturas subtrocantéricas do fêmur. Diversos estudos têm investigado a eficácia de diferentes implantes e técnicas cirúrgicas, buscando reduzir as complicações e melhorar os resultados funcionais. Uma revisão recente da literatura mostrou que as placas do tipo DCS (Dynamic Compression Plate) e as hastes intramedulares bloqueadas são as opções mais comumente utilizadas. Esses dispositivos oferecem uma boa estabilidade e promovem uma consolidação óssea adequada. No entanto, cada caso deve ser avaliado individualmente, levando em consideração as características da fratura e as necessidades do paciente.
A recuperação pós-operatória das fraturas subtrocantéricas do fêmur é um processo gradual que requer cuidados e acompanhamento adequados. Após a cirurgia, o paciente deve seguir as orientações médicas e realizar sessões de fisioterapia para ajudar na recuperação da amplitude de movimento e na fortalecimento muscular. O tempo de recuperação pode variar de algumas semanas a vários meses, dependendo do tipo e gravidade da fratura, bem como do tipo de cirurgia realizada. Durante esse período, o paciente pode precisar utilizar muletas ou um andador, mas gradualmente será permitido o apoio de carga total sobre o membro operado.
As fraturas subtrocantéricas do fêmur podem estar associadas a várias complicações, como a não união da fratura (quando o osso não cicatriza adequadamente) e infecções. Para prevenir essas complicações, é essencial seguir as instruções médicas e adotar medidas de cuidados adequados. Isso inclui manter uma boa higiene pessoal, seguir as instruções de cuidados com a incisão cirúrgica e evitar sobrecarregar o membro afetado durante o período de recuperação. Além disso, é importante comparecer às consultas de acompanhamento e relatar qualquer sintoma incomum ao médico.
O tratamento das fraturas subtrocantéricas do fêmur continua sendo um desafio para os ortopedistas. No entanto, com os avanços tecnológicos e as evidências científicas atuais, é possível obter bons resultados funcionais e reduzir as complicações associadas a essas lesões. O planejamento pré-operatório adequado, as táticas de redução cuidadosas e a recuperação pós-operatória supervisionada são elementos-chave para garantir uma boa evolução do paciente. É fundamental buscar um tratamento individualizado, levando em consideração as características da fratura e as necessidades específicas de cada paciente. Com uma abordagem multidisciplinar envolvendo médicos, fisioterapeutas e pacientes, é possível promover uma recuperação adequada e melhorar a qualidade de vida dos indivíduos afetados por fraturas subtrocantéricas do fêmur.