Fraturas do pilão tibial

Fraturas do Pilão Tibial: Tratamentos Cirúrgicos e Lesões de Partes Moles

 

 

As fraturas do pilão tibial são lesões graves e complexas que ocorrem na extremidade inferior da tíbia, onde ela se articula com os ossos do tornozelo. Representando cerca de 1% das fraturas dos membros inferiores, essas fraturas demandam atenção especial e um tratamento adequado para garantir uma recuperação satisfatória. Neste artigo, vamos explorar as abordagens cirúrgicas utilizadas no tratamento dessas fraturas, bem como a importância do manejo das lesões de partes moles para um resultado positivo.

 

O que são as fraturas do pilão tibial?

As fraturas do pilão tibial são fraturas intra-articulares do terço distal da tíbia com extensão metafisária. Elas ocorrem devido a traumas de alta ou baixa energia, onde uma carga axial é aplicada no pé, resultando em diferentes padrões de fratura, dependendo da posição do pé no momento do trauma. Essas fraturas podem ser classificadas em diferentes tipos, como as fraturas em cunha, em estilhaços ou em cominuição.

Além da fratura óssea, é comum ocorrerem lesões no envelope de partes moles, como pele, músculos, tendões e ligamentos. O manejo adequado dessas lesões de partes moles é fundamental para garantir uma boa cicatrização e recuperação funcional.

Abordagens cirúrgicas para o tratamento das fraturas do pilão tibial

O tratamento das fraturas do pilão tibial evoluiu significativamente nas últimas décadas, com o objetivo de restaurar a anatomia e a estabilidade da articulação do tornozelo. Uma abordagem cirúrgica adequada é essencial para o sucesso do tratamento. Dentre as técnicas cirúrgicas utilizadas, destacam-se:

1. Fixação interna com placas e parafusos

Uma das abordagens cirúrgicas mais comuns para o tratamento das fraturas do pilão tibial é a fixação interna com placas e parafusos. Essa técnica envolve a colocação de placas de metal na superfície do osso da tíbia, seguida pela fixação das placas com parafusos. Essa abordagem é especialmente útil para fraturas complexas em pacientes de qualquer idade.

2. Fixação externa

Outra opção de tratamento é a fixação externa, que envolve a utilização de um aparelho externo colocado na superfície do osso da tíbia. Essa técnica pode ser útil em casos em que a fratura é muito grave, com comprometimento dos tecidos moles, ou quando o osso é muito fraco para suportar a fixação interna com placas e parafusos.

3. Abordagem estagiada

Uma abordagem estagiada também pode ser adotada no tratamento das fraturas do pilão tibial. Nesse caso, inicialmente é realizada a fixação externa para estabilizar a fratura e permitir a cicatrização dos tecidos moles. Após a melhora da condição das partes moles, é realizada a síntese definitiva da fratura, seja por meio de placas e parafusos ou outros métodos de fixação interna.

É importante ressaltar que a escolha do tipo de cirurgia depende do tipo e da gravidade da fratura, bem como da saúde geral do paciente. Cada caso deve ser avaliado individualmente para determinar a abordagem mais adequada.

Manejo das lesões de partes moles

Além da fixação óssea, o manejo adequado das lesões de partes moles é essencial para o sucesso do tratamento das fraturas do pilão tibial. As lesões de partes moles podem variar desde pequenos cortes e contusões até lesões mais graves, como lacerações musculares, rupturas de tendões e lesões ligamentares.

O tratamento das lesões de partes moles pode envolver desde suturas e curativos simples até procedimentos mais complexos, como reconstrução de tendões e ligamentos. A fisioterapia também desempenha um papel fundamental na recuperação funcional, ajudando a restaurar a amplitude de movimento e a força muscular após a cicatrização das lesões.

Complicações e tempo de recuperação

O tratamento cirúrgico das fraturas do pilão tibial pode apresentar complicações, como infecção, não união da fratura, problemas com a fixação cirúrgica, lesão nervosa e trombose venosa profunda (TVP). É importante seguir as instruções do médico e do fisioterapeuta após a cirurgia para minimizar o risco de complicações e garantir uma recuperação adequada.

O tempo de recuperação varia de acordo com o tipo e a gravidade da fratura, bem como o tipo de cirurgia realizada. Em geral, o paciente é orientado a mobilizar o tornozelo com restrição de carga enquanto o osso cicatriza. A fisioterapia desempenha um papel importante na reabilitação, e o tempo de recuperação pode variar de algumas semanas a vários meses.

Prevenção de fraturas do pilão tibial

A prevenção de fraturas do pilão tibial envolve a adoção de medidas para reduzir o risco de quedas e lesões traumáticas. Algumas medidas preventivas incluem:

  • Manter uma boa saúde óssea através de dieta e exercícios adequados;
  • Usar calçados adequados e evitar caminhar ou praticar atividades em superfícies escorregadias;
  • Evitar atividades de alto impacto que possam sobrecarregar o tornozelo;
  • Utilizar equipamentos de proteção adequados durante atividades esportivas ou de lazer.

Conclusão

As fraturas do pilão tibial são lesões complexas que demandam tratamento cirúrgico adequado e manejo das lesões de partes moles. As abordagens cirúrgicas, como a fixação interna com placas e parafusos, a fixação externa e a abordagem estagiada, são utilizadas para restaurar a anatomia e a estabilidade da articulação do tornozelo. O manejo adequado das lesões de partes moles é fundamental para garantir uma recuperação satisfatória. A prevenção de fraturas do pilão tibial também é importante, adotando medidas para reduzir o risco de quedas e lesões traumáticas.

 

Referências:

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