Fraturas do planalto tibial

Fraturas do Planalto Tibial: Diagnóstico, Tratamento e Prognóstico

 

 

As fraturas do planalto tibial são lesões que afetam a articulação do joelho e representam um risco à integridade funcional dessa região. Essas fraturas podem ocorrer devido a uma aplicação de forças compressivas axiais combinadas ou a estresses em varo ou valgo do joelho. A gravidade e o desvio da fratura dependem de vários fatores, incluindo a magnitude e a direção da força aplicada, o grau de flexão do joelho no momento do trauma e a qualidade óssea do paciente.

 

Diagnóstico das Fraturas do Planalto Tibial

O diagnóstico das fraturas do planalto tibial pode não ser óbvio, e muitas vezes pacientes com fraturas incompletas ou fraturas por estresse têm seu diagnóstico confirmado semanas após um quadro de dor persistente no joelho que não responde às medidas clínicas habituais. Para o diagnóstico preciso, é necessário realizar uma avaliação detalhada da história clínica do paciente e realizar exames de imagem.

A avaliação radiográfica é essencial e envolve quatro incidências: anteroposterior, perfil, oblíqua interna e oblíqua externa. Essas incidências ajudam a identificar a localização e a magnitude dos fragmentos deprimidos. Em casos de fraturas muito cominuídas, recomenda-se uma incidência anteroposterior sob tração para melhor entender os traços articulares e a relação entre os fragmentos. A tomografia computadorizada também desempenha um papel importante na determinação da extensão e da localização dos fragmentos deprimidos, permitindo um melhor planejamento do tratamento.

Embora a ressonância magnética ainda não faça parte da rotina de avaliação da maioria dos pacientes, evidências sugerem que seu uso pode melhorar a concordância entre diferentes observadores quanto à classificação da fratura e ao método de abordagem.

 

Classificação e Prognóstico

Existem diferentes sistemas de classificação para as fraturas do planalto tibial, sendo os mais utilizados o sistema de Schatzker e o sistema do Grupo AO. O sistema de Schatzker divide as fraturas em seis grupos distintos, levando em consideração o tipo de fratura e o prognóstico diferencial entre as fraturas isoladas do planalto lateral e as do planalto medial. Já o sistema do Grupo AO é mais abrangente e permite a classificação das fraturas de acordo com o envolvimento parcial ou total da superfície articular.

O prognóstico das fraturas do planalto tibial depende de vários fatores, incluindo o grau de depressão articular, a extensão e a separação da linha de fratura dos côndilos tibiais, o grau de cominuição e dissociação metafisária e diafisária, e a integridade do envelope de tecidos moles. Depressões articulares que resultam em incongruência ou mau alinhamento axial dinâmico da articulação são consideradas de mau prognóstico. Nessas situações, é consenso que os fragmentos deprimidos devem ser elevados e suportados por enxerto ósseo.

 

Tratamento das Fraturas do Planalto Tibial

O tratamento das fraturas do planalto tibial pode ser conservador ou cirúrgico, dependendo da gravidade da lesão e das condições do paciente. Em casos de fraturas de baixa energia, nas quais os tecidos moles não são um fator adverso, o tratamento conservador pode ser indicado. Isso envolve a imobilização com o uso de gesso ou órteses, seguido de restrição de peso no membro afetado.

Por outro lado, em fraturas de alta energia, o tratamento cirúrgico é geralmente necessário. O objetivo do tratamento cirúrgico é realizar a redução anatômica da superfície articular e restaurar o eixo mecânico do membro inferior. Existem várias técnicas cirúrgicas disponíveis, incluindo o uso de fixadores externos temporários ou definitivos, placas e parafusos para estabilização interna e enxertos ósseos para suporte dos fragmentos deprimidos.

É importante ressaltar que a fixação estável e o início precoce do movimento articular são fatores determinantes para um melhor prognóstico. Recentemente, desenvolvimentos tecnológicos, como implantes com estabilidade angular, substitutos ósseos e imagens tridimensionais para controle intraoperatório, têm contribuído para cirurgias menos invasivas e melhores resultados.

 

Complicações e Reabilitação

Após o tratamento das fraturas do planalto tibial, é fundamental acompanhar o paciente de perto para monitorar a evolução da cicatrização e prevenir complicações. É comum que ocorram complicações, como infecções, rigidez articular, lesões meniscais e ligamentares, e desenvolvimento de osteoartrose pós-traumática.

A reabilitação pós-tratamento é essencial para restaurar a função do joelho e prevenir a rigidez articular. O fisioterapeuta desempenha um papel importante na prescrição de exercícios e na orientação do paciente em relação à carga progressiva e ao fortalecimento muscular. A reabilitação deve ser individualizada de acordo com as características da fratura e as necessidades do paciente.

 

Conclusão

As fraturas do planalto tibial representam um desafio no campo da ortopedia, devido à sua complexidade e às possíveis complicações associadas. Um diagnóstico preciso, um tratamento adequado e uma reabilitação eficaz são fundamentais para garantir uma recuperação satisfatória e minimizar o risco de complicações a longo prazo. É importante que os profissionais de saúde estejam atualizados sobre as melhores práticas no manejo dessas fraturas, considerando as características individuais de cada paciente.