Fraturas diafisárias do umero

Fraturas da Diáfise do Úmero: Tratamento e Recuperação

 

 

‍Fraturas da diáfise do úmero são lesões que acometem o terço médio do braço, representando aproximadamente 3% das fraturas do aparelho locomotor. Essas fraturas podem ocorrer em pacientes de todas as idades e estão relacionadas a traumas de diferentes intensidades, dependendo da idade e qualidade óssea do indivíduo.

 

Tratamento das Fraturas Diafisárias do Úmero

O tratamento dessas fraturas pode ser realizado de maneira conservadora ou cirúrgica, dependendo das características da fratura e do paciente. Em casos de fraturas alinhadas, pacientes com baixa demanda funcional e comorbidades que impeçam ou dificultem procedimentos cirúrgicos, o tratamento conservador é geralmente indicado. Esse tipo de tratamento é realizado por meio de imobilização com o uso de uma “pinça de confeiteiro” por aproximadamente duas semanas, seguido de um brace sintético por 60 dias. Durante o uso do brace, são iniciados exercícios de movimentação do cotovelo, permitindo a mobilidade dessa articulação.

Por outro lado, em casos de fraturas desviadas, complexas, decorrentes de traumas graves e em pacientes jovens, ativos e atletas, o tratamento cirúrgico é geralmente mais indicado. A cirurgia permite uma mobilização precoce, preservando a amplitude de movimento e a musculatura prévia ao trauma. Existem diferentes técnicas cirúrgicas disponíveis, sendo a preferência, em muitos casos, por técnicas minimamente invasivas. Essas técnicas envolvem pequenas incisões na região proximal e distal do braço, utilização de placas e parafusos para fixação após o alinhamento adequado da fratura, confirmado por meio de fluoroscopia. Outras opções cirúrgicas incluem o uso de hastes intramedulares ou placas colocadas por visualização direta, com incisões maiores.

 

Classificação das Fraturas Diafisárias do Úmero

As fraturas diafisárias do úmero podem ser classificadas de acordo com o tipo de traço de fratura, a localização, se são expostas ou fechadas, e a condição do osso (normal ou patológico). Diversas classificações são utilizadas na prática clínica, sendo duas das mais comuns a classificação de Zuckerman e Koval e a classificação de Müller et al, também conhecida como classificação AO.

A classificação de Zuckerman e Koval analisa a biomecânica dos desvios das fraturas diafisárias do úmero, dividindo-as de acordo com a localização do traço de fratura em relação à inserção do músculo peitoral maior e do músculo deltoide. Já a classificação de Müller et al, desenvolvida pelo grupo AO, divide as fraturas diafisárias do úmero de acordo com critérios mais abrangentes, considerando a extensão do traço de fratura e a estabilidade da lesão.

 

Diagnóstico das Fraturas Diafisárias do Úmero

O diagnóstico das fraturas diafisárias do úmero é geralmente realizado por meio de exame radiográfico nas incidências de frente e perfil. Esses exames são suficientes para o diagnóstico e classificação das fraturas. Em casos especiais, como fraturas patológicas, pode ser necessária a realização de cintilografia óssea, ressonância magnética ou tomografia computadorizada para o diagnóstico e estadiamento da lesão. Além disso, o exame clínico adequado é fundamental para avaliar a presença de lesões neurovasculares associadas.

 

Recuperação e Complicações

Após o tratamento das fraturas diafisárias do úmero, seja conservador ou cirúrgico, a recuperação e reabilitação são etapas essenciais para a restauração da função do membro superior. A fisioterapia desempenha um papel importante nesse processo, auxiliando na recuperação da força muscular, amplitude de movimento e coordenação.

Embora a maioria dos pacientes apresente bons resultados após o tratamento das fraturas diafisárias do úmero, complicações podem ocorrer. Entre as complicações decorrentes do trauma, as lesões do nervo radial e as lesões vasculares são as mais relevantes. As lesões do nervo radial são mais comuns em fraturas espiraladas no terço distal do úmero e podem variar de neuropraxia a lesões mais graves, exigindo cuidados adequados e acompanhamento médico especializado. Já as lesões vasculares são menos frequentes, mas devem ser prontamente diagnosticadas e tratadas para evitar complicações graves.

Outras complicações relacionadas ao tratamento das fraturas diafisárias do úmero incluem infecção e retardo de consolidação. Medidas rigorosas de anti-sepsia e técnicas cirúrgicas adequadas podem minimizar a ocorrência de infecções. Já o retardo de consolidação pode estar relacionado ao tipo de tratamento utilizado, sendo que a fixação interna rígida, conforme a técnica AO, pode apresentar resultados mais favoráveis nesses casos.

 

Conclusão

Em resumo, as fraturas diafisárias do úmero são lesões relativamente comuns no âmbito ortopédico. O tratamento adequado depende das características da fratura e do paciente, sendo que o tratamento conservador é geralmente indicado em casos alinhados e com baixa demanda funcional, enquanto o tratamento cirúrgico é mais comumente realizado em casos de fraturas desviadas, complexas e em pacientes ativos. A classificação das fraturas diafisárias do úmero auxilia na seleção do tratamento adequado, e o diagnóstico preciso e o acompanhamento adequado são fundamentais para a prevenção e tratamento de complicações. A recuperação e reabilitação, por meio da fisioterapia, são essenciais para a restauração da função do membro superior e o retorno às atividades diárias.